Informações sobre leptospirose, causas, sintomas, prevenção e tratamento da leptospirose, com dicas para diminuição da sua ocorrência.


Convalescença e sequelas resultantes da leptospirose

Por ocasião da alta do paciente, astenia e anemia podem ser observadas. A convalescença dura de 1 a 2 meses, período no qual podem persistir febre, cefaleia, mialgias e mal-estar gera, por alguns dias. A icterícia desaparece lentamente, podendo durar semanas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas em alguns casos permanecem elevados por vários meses. A eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por 1 semana até vários meses após o desaparecimento dos sintomas.

Transmissão da leptospirose

A infecção humana resulta da exposição à água contaminada com urina ou tecidos provenientes de animais infectados, sendo a sua ocorrência favorecida pelas condições ambientais dos países de clima tropical e subtropical, par ticularmente em épocas com elevados índices pluviométricos.
Nos animais, a infecção pode ocorrer por ingestão de alimento ou água contaminados por urina infectada, bem como pela infecção direta por urina dos doentes ou portadores.
No Brasil, acredita-se que a maioria dos casos urbanos seja devida à infecção por cepas do sorogrupo icterohaemorrhagiae, o que fortalece o papel do rato doméstico como principal reservatório, uma vez que Rattus rattus e Rattus norvergicus são os carreadores mais comuns desse sorogrupo. Nos centros urbanos, a deficiência de saneamento básico constitui um fator essencial para a proliferação de roedores.
Portanto, os grupos socioeconômicos menos privilegiados, com dificuldade de acesso à educação e saúde, habitando moradias precárias, em regiões periféricas às margens de córregos ou esgotos a céu aberto, expostos com frequência a enchentes, são os que apresentam maior risco de contrair a infecção. Seres humanos envolvidos em serviços de saneamento ambiental apresentam alto risco de contrair a leptospirose, devido ao contato direto com ambientes contaminados por urina de roedores e cães domésticos.
Os cães são considerados uma importante fonte de infecção da leptospirose humana em áreas urbanas, pois vivem em estreito contato com o homem e podem eliminar leptospiras vivas pela urina durante vários meses, mesmo sem apresentar nenhum sinal clínico característico.
A leptospirose não é contagiosa entre pessoas. Não há transmissão de uma pessoa para outra. É transmitida entre os animais e dos animais para o homem, sempre pelo contato da urina do animal com a pele do homem.

Tratamento antibiótico da leptospirose

O tratamento antibiótico, embora recomendado, não é essencial, e não deve substituir as medidas de suporte, que são mais importantes. Mesmo os pacientes com formas graves de leptospirose podem recuperar-se na ausência de tratamento antibiótico. Os estudos sistemáticos (randomizados, controlados com placebo, submetidos a análise estatística) sobre o emprego de antibióticos na leptospirose humana são escassos. As leptospiras são susceptíveis a uma ampla gama de antibióticos. Estudos em animais mostram a eficácia da ampicilina, piperacilina, mezlocilina, cefotaxima e doxiciclina em reduzir a mortalidade, o que não se pode demonstrar com a cefalexina, o cefamandol e a cefoperazona. Também a estreptomicina, o cloranfenicol, a eritromicina, a oleandomicina são eficazes em infecções experimentais por leptospira. Entretanto, a experiência clínica em seres humanos está restrita a uns poucos antibióticos, entre os quais a penicilina cristalina, ampicilina, amoxicilina, oxitetraciclina e doxiciclina. Embora haja relatos isolados da eficácia de outros antibióticos (p. ex., ceftriaxona, eritromicina) em infecções experimentais, estes antibióticos não podem ser indicados por falta de dados clínicos. A antibioterapia com penicilina e doxiciclina reduz a duração e a gravidade dos sintomas, mas a sua influência na mortalidade é controversa. Seu efeito mais evidente é a supressão da leptospirúria. Os antibióticos estão recomendados mesmo após o quarto dia de doença.

O tratamento mais empregado consiste na infusão venosa de penicilina cristalina, nas doses de 100 mil unidades por quilo de peso por dia (6 a 10 milhões por dia) durante sete dias. Também a doxiciclina, 100 mg duas vezes ao dia pode ser empregada por 7 dias. Não há estudos mostrando qual dos dois regimes é o melhor. Embora a doxiciclina seja a tetraciclina que menos problemas trará a um paciente com insuficiência renal, nesta situação será preferível o emprego da penicilina. Além disso, não há tetraciclinas para uso venoso em nosso país. A ampicilina também pode ser empregada por via venosa, nas doses de 1 g cada 6 horas, e a amoxicilina por via oral nas doses de 500 mg cada 8 horas.

Complicações:

São comuns as infecções secundárias, em decorrência dos múltiplos procedimentos invasivos a que são submetidos em seu tratamento os pacientes de leptospirose. As infecções urinárias ocorrem mesmo em pacientes não submetidos a cateterismo vesical. A sepse e a peritonite podem instalar-se sem serem percebidas, já que os sintomas (icterícia, hipotensão, insuficiência renal, febre, dor abdominal) podem ser atribuídos à própria leptospirose. A possibilidade de uma destas infecções deve ser aventada sempre que o estado clínico de um doente que vinha se recuperando passa a deteriorar inexplicavelmente.

Tratamento da leptospirose com Antibioticoterapia

A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia parece ser maior na 1ª semana do início dos sintomas. A reação de Jarisch-Herxheimer, embora seja relatada em pacientes com leptospirose, é uma condição rara e que não deve inibir o uso de antibióticos. É caracterizada pelo início súbito de febre, calafrios, cefaleia, mialgia, exacerbação de exantemas e, em algumas vezes, choque refratário a volume, decorrente da grande quantidade de endotoxinas liberada pela morte de bactérias espiroquetas, após o início da antibioticoterapia.

Prevenção da leptospirose canina

A principal prevenção se dá pela vacinação dos cães. Porém, a vacina da Leptospirose não está disponível ainda nas campanhas de vacinação do governo, que só fornece a anti-rábica.
Os animais devem ser vacinados pelos Médicos Veterinários exclusivamente. Nas vacinas polivalentes, Óctupla ou Déctupla, já há proteção contra a Leptospirose, sendo que a vacina Déctupla contém mais sorovares que a vacina Óctupla. No entanto, é muito importante saber que o reforço vacinal da Leptospirose é semestral.
Existe uma vacina própria para esse reforço.

Tratamento da leptospirose canina

O tratamento para leptospirose canina consiste basicamente em antibiótico terapia e tratamento de suporte. Os antibióticos de escolha utilizados no tratamento da leptospirose, são: penicilina G procaína na dose de 40. 0000 U/Kg a 80.000U/Kg, a cada 12 horas, na fase de leptospiremia e doxiciclina na dose de 2,5 a 5,0 mg/Kg, a cada 12 horas por duas semanas, para eliminar a fase de leptospirúria 
Quando o animal só desenvolveu a doença por dois dias é bom, pois o tratamento com antibiótico é muito eficiente. Quando está entre dois e quatro dias é reservado, principalmente se já há subicterícia ou icterícia franca, o que revela séria lesão hepática. Se a doença se desenvolve há quatro dias ou mais e há úlceras e odor uréico bucal, com ou sem icterícia, o prognóstico é mau porque as lesões renais são graves e já há grande uremia, podendo o desenlace fatal ser súbito, porque ainda que se, elimine o agente as lesões já podem ser mortais.

Sinais Clínicos e Achados Físicos da leptospirose canina

As manifestações clínicas da leptospirose em cães dependem da idade e imunidade do animal e da virulência do sorovar infectante. Na infecção superaguda os sinais iniciais são febre, anorexia, hiperestesia muscular generalizada, seguidos de vômito, desidratação, taquipnéia, pulso irregular e baixa perfusão capilar. Lesões vasculares e defeito na coagulação podem levar ao aparecimento de hematoquesia, melena, epistaxe e petéquias; em fase terminal o animal apresenta depressão e hipotermia. Esse quadro pode evoluir rapidamente para a morte sem que haja tempo para o desenvolvimento de doença renal ou hepática evidente.
Animais com infecção subaguda apresentam-se clinicamente com febre, anorexia, vômito, desidratação e polidpsia acentuada, podendo as mucosas estar congestas e haver petéquias e equinoses em todo o corpo. Conjuntivite, rinite, tonsilite, tosse e dispnéia ocasionalmente ocorrem e, geralmente, estão associadas. 

Sintomas da leptospirose nos cães

Os cães podem se infectar e eliminar a bactéria pela urina, mas nem sempre manifestam sintomas da doença. Estes variam desde falta de apetite, fraqueza, febre, vômitos, diarréia a icterícia e hemorragias, podendo levar o animal à morte.
Portanto, sempre que o cão adoecer, deve-se procurar assistência veterinária.

Patogenia da leptospirose canina

As leptospiras penetram no organismo pela pele lesada ou mucosa intactas. Após a penetração multiplicam-se rapidamente na circulação sanguínea. A leptospiremia ocorre de 4 a 12 dias pós-infecção. Na leptospirose os alvos primários são os rins e fígado. A leptospira replica-se no epitélio tubular renal e pode causar lesão aguda e insuficiência renal; no fígado pode lesar hepatócitos resultando ocasionalmente em necrose hepática aguda, fibrose hepática e hepatite ativa crônica.

Sinais clinicos da leptospirose em bovinos

Animais infectados apresentam infertilidade, mastites, abortos, retenção da placenta, alterações congênitas, natimortalidade, bezerros prematuros com reduzida viabilidade de vida, e causam grandes prejuízos econômicos devido ao aumento do intervalo entre partos e à diminuição da produção de leite e de carne consumíveis. Dependendo da sorovariedade infectante, alguns bezerros podem apresentar anemia hemolítica, congestão pulmonar, meningite, leve icterícia, rins aumentados de volume, diminuição da ruminação, hemoglobinúria e óbito.

Sinais clinicos da leptospirose em cavalos (equinos)

Embora a infecção em equinos seja normalmente assintomática, também podem ocorrer abortos, nascimentos de animais prematuros e debilitados, além de febre, icterícia e nefrite. Um diferencial em equinos é o aparecimento de complicações oculares após a fase de latência da doença. A presença de Leptospira no interior do globo ocular causa uveíte progressiva, podendo resultar em cegueira.

Sinais clinicos da leptospirose em suínos

Ocorrem desordens na esfera reprodutiva, causando repetição de cio, abortos na fase final da gestação, mumificação fetal, natimortos e nascimento de leitões fracos. Em macho os sintomas são febre, icterícias, anorexia e hemoglobinúria. Nestes animais, as dosagens bioquímicas podem auxiliar no diagnóstico da Leptospirose. Animais infectados apresentam um aumento significativo da bilirrubina total se comparados aos animais sadios (isso se observado até o nono dia de infecção). Os níveis de glicose diminuem até o terceiro dia após a infecção, aumentando muito acima dos níveis normais após o décimo quinto dia.
Mas normalmente as infecções em suínos são subclínicas, ocorrendo excreção da bactéria pela urina por longos períodos de tempo, tornando os suínos uma fonte de infecção para outras espécies que são mais gravemente afetadas.

O que fazer no caso de manifestar sintomas associados a leptospirose

Se você apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo, alguns dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto, procure imediatamente o Centro de Saúde mais próximo. Não se esqueça de contar ao médico o seu contato com água ou lama de enchente.
Somente o médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença. A leptospirose é uma doença curável, e o diagnóstico e o tratamento precoces são a melhor solução.

Vacina contra a leptospirose?

No Brasil não existe nenhuma vacina contra a leptospirose para seres humanos.
Existem vacinas somente para uso em animais, como cães, bovinos e suínos.
Esses animais devem ser vacinados todos os anos para ficarem livres do risco de contrair a doença e diminuir o risco de transmiti-la ao homem.

Leptospirose - Cuidados a ter quando bebe líquido em latinhas

Apesar da transmissão ocorrer principalmente pela penetração da leptospira através da pele ou mucosas, já foi descrita pela ingestão de água ou alimentos contaminados com a urina de ratos, ainda que raramente. Se for ingerida, a leptospira morre ao entrar em contato com o suco gástrico. A possibilidade da pessoa se infectar bebendo em latinhas contaminadas com a urina de ratos é teoricamente possível, se houver uma ferida na boca, que possa permitir a entrada da leptospira no organismo pela circulação sangüínea. Apesar desse risco teórico, até o momento não foram comprovados casos de transmissão de leptospirose por latinhas de cerveja, refrigerantes ou outras bebidas envasadas. De qualquer modo, é essencial que se lave bem com água limpa qualquer latinha ou recipiente antes de ser levado à boca, para não se correr o risco de contaminação por algum tipo de bactéria. Este hábito de higienização não deve isentar os comerciantes de verificarem as condições de armazenamento de seus estoques, das condições de acondicionamento de seu lixo e de manter implantado um sistema de controle de roedores em todas suas instalações.

Aspectos epidemiológicos da leptospirose

A leptospirose apresenta distribuição universal. No Brasil, é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados.
Algumas profissões facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, magarefes, laboratoristas, militares e bombeiros, dentre outros. Contudo, no Brasil, a maior parte dos casos ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em locais com infraestrutura sanitária inadequada e expostos à urina de roedores.
No período de 2004 a 2008, foram confirmados 17.416 casos de leptospirose (média anual de 3.483 casos), variando entre 3.084 (2008) a 4.390 casos (2006). Nesse mesmo período, foram informados 1.856 óbitos, com média de 371 óbitos/ano. A letalidade média no período foi de 10,6% e o coeficiente médio de incidência de 1,9/100.000 hab. Entre os casos confirmados, os mais acometidos são indivíduos do sexo masculino (78,6%), na faixa etária de 20 a 49 anos (60,3%), ainda que não exista uma predisposição de gênero ou de idade para contrair a infecção.
Do total de casos confirmados no período, 71,6% (1.219) foram hospitalizados, o que sugere que o sistema de vigilância capta principalmente casos moderados e graves, com subnotificação de casos na fase precoce da doença. A média de permanência no hospital foi de 7,5 dias.
Quanto às características do local provável de infecção (LPI) dos casos confirmados no período, 61% (10.617) ocorreram em área urbana, 19,9 % (3.464) em área rural e 19,1% (3.335) em área ignorada/não registrada. Do total de confirmados, 41% (7.141) ocorreram em situações domiciliares; 21,9% (3.810), em situações de trabalho; 25% (4.361)m em situação ignorada/não registrada; 7,6% (1.332), em situação de lazer; e 4,4% (772), em outras situações.

Período de incubação, de transmissão, susceptibilidade e imunidade da leptospirose

O período de incubação Varia de 1 a 30 dias (média entre 5 e 14 dias).
No que diz repsiro ao Período de transmissibilidade, Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda a vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido.
A suscetibilidade no homem é geral. A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar-específica,
podendo um mesmo indivíduo apresentar a doença mais de uma vez se o agente causal de cada episódio pertencer a um sorovar diferente do anterior.

Principais medidas para evitar ratos

As principais medidas que deve tomar para evitar o contato com ratos são:
  •  Manter os alimentos armazenados em vasilhames tampados e à prova de roedores;
  • Acondicionar o lixo em sacos plásticos em locais elevados do solo, colocando-o para coleta pouco antes do lixeiro passar;
  • Caso existam animais no domicílio (cães, gatos e outros), retirar e lavar os vasilhames de alimento do animal todos os dias antes do anoitecer, pois ele também pode ser contaminado pela urina do rato;
  •  Manter limpos e desmatados os terrenos baldios;
  • Jamais jogar lixo à beira de córregos, pois além de atrair roedores, o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das enchentes;
  • Grama e mato devem ser mantidos roçados, p ara evitar que sirvam de abrigo para os ratos;
  • Fechar buracos de telhas, paredes e rodapés para evitar o ingresso dos ratos para dentro de sua casa;
  •  Manter as caixas d’água, ralos e vasos sanitários fechados com tampas pesadas;
  • Lembre-se: uma vez instalados num determinado local, os ratos começam a se reproduzir, multiplicando-se rapidamente, o que dificulta o seu controle e aumenta o risco de transmitir doenças.